20070412

Stela em Sampa


A participação no Festival É Tudo Verdade foi uma boa oportunidade para mostrar o filme.
As equipes de São Paulo e Rio estão de parabéns pela atenção e profissionalismo.
Acompanho o festival há alguns anos e participar com o filme da Stela foi um bom reconhecimento profissional e pessoal.
A sessão do Odeon no Rio, dediquei à Ângela Couto, jornalista e parceira de grandes batalhas, e que muitas vezes assistimos aos filmes do Festival. Ela deve ter se divertido muito com essa história toda...

Uma grande supresa foi encontrar após a sessão o músico Lincoln Antonio, que junto às atrizes Georgette Fadel e Juliana Amaral, estavam em cartaz com o espetáculo "Entrevista com Stela", num belo trabalho com as falas musicadas de Stela do Patrocínio. Tinha que matar minha curiosidade e ver a peça no Galpão do Folias (foto abaixo). Uma precisa montagem do conteúdo poético de Stela. Após a peça, fomos ver o filme na casa de Georgette. Para mim, foi ótimo poder apresentar ao grupo algumas imagens da própria Stela do Patrocínio: forte, cheia de vida e poesia. Uma parceria que renderá bons frutos. Axé!


A fachada do CineSesc, de manhã. Na galeria ao lado, um café com pão de queijo para os cinéfilos de plantão. A foto da criança é de Krzystof Kieslowski, cineasta homenageado no É Tudo Verdade.

Aliás, uma das mais simpáticas figuras presentes ao festival, foi o cineasta Krzystof Wierzbicki, que foi assistente de Kieslowski, e realizou um documentário sobre o diretor, revelando algumas idéias e o bom humor do cineasta polonês, um ano antes de sua morte. Outra persona simpática e tímida foi a cineasta Ines Thomsen, com "Mañana al Mar", um filme sobre velhinhos de Barcelona que enfrentam o frio para ir à praia, a qualquer custo. Vencedor da competiva de longas internacionais.


Alguns cartazes do filme expostos no CineSesc. As sessões tiveram um ótimo e interessado público. Muita gente veio fazer comentários após a exibição.
Pena que passei de manhã para tirar a foto e não tinha (quase) ninguém. O melhor do cinema, é o aconchegante bar interno, onde é possível beber alguma coisa sem deixar de acompanhar a sessão. Maravilha...

A noite de São Paulo sempre reserva surpresas, e a melhor delas foi encontrar grandes amigos após a exibição do filme.
Algo tão raro quanto achar um clips no meio da rua.

20070315

Stela do Patrocínio no You Tube

Os filmes da Mostra Competitiva de Curtas do Festival É tudo verdade podem ser vistos no You Tube.
Alguns trechos estão disponíveis no link

http://www.youtube.com/watch?v=KUl5_zaWMuo

20070308

Stela do Patrocínio - A mulher que falava coisas

SINOPSE

Stela falava e falava. Um “falatório” construído no ar, uma arquitetura de falas que amplia a percepção
de si mesma e das coisas ao seu redor. Stela tentava fazer contato, fazendo sentido.
As falas poéticas de Stela do Patrocínio (1941-1992) revelam outras possibilidades de pensamento.

Ela conseguia estabelecer uma linguagem própria que, apesar do seu isolamento, transbordava, repleta de lucidez. No início sua fala parece crua, ríspida. Só aos poucos é que suas palavras adquirem sutilezas. Palavras capazes de retirar a loucura do espaço de opacidade e de estranheza ao qual ela foi confinada pela sociedade contemporânea.


SYNOPSIS

Stela never stopped talking. Her words would trickle down into a stream in the air, leading to a river that rushed down in her own self-perception and her vision of her surroundings. Stela reached out and tried to make sense.

The words of Stela do Patrocínio (1941 – 1992) exude poetry, so much so that she elaborated her own language, which, despite her isolation, overflowed with transparent clarity. At first, she may appear rough and raw. Yet then, her words transcend the madness of the opaque and strange world, to which she was confined by contemporary society.

20070306

Stela por ela




Stela falava e falava.

Um “falatório” construído no ar. Suas falas poéticas revelam a percepção de si mesma e das coisas ao seu redor. Stela tentava fazer contato, fazendo sentido.

Stela do Patrocínio (1941 – 1992) viveu cerca de 30 anos em instituições psiquiátricas no Rio de Janeiro. Dentre elas, a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.

Em suas falas poéticas ela conseguia estabelecer uma linguagem própria que, apesar do seu isolamento, transbordava, repleta de lucidez. No início sua fala parece crua, ríspida. Só aos poucos é que suas palavras adquirem sutilezas. Palavras capazes de retirar a loucura do espaço de opacidade e de estranheza ao qual ela foi confinada pelo homem moderno.

A fala de Stela abala as superfícies lineares e automáticas, ameaçando a nossa lógica racional. Visibilidades surpreendentes de algo que não enxergamos muito bem, na tênue fronteira da loucura como uma outra possibilidade de pensamento.


Abaixo, trechos do livro "Reino dos Bichos e dos Animais é o meu nome", com organização e apresentação de Viviane Mosé


Eu não sou da casa, não sou da família
Não sou do ar
Do espaço vazio, do tempo, dos gases
Não sou do tempo, não sou do tempo
Não sou dos gases, não sou do ar
Não sou do espaço vazio, não sou do tempo
Não sou dos gases, não sou da casa
Não sou da família, não sou dos bichos
Não sou dos animais.



Aqui no hospital ninguém pensa
Não tem nenhum que pense
Eles vivem sem pensar
Comem bebem fumam
No dia seguinte querem saber
de recontinuar o dia que passou
Mas não tem ninguém que pense
e trabalhe pela inteligência

Não trabalho com a inteligência
Nem com o pensamento
Mas também não uso a ignorância


Eu sobrevivi do nada, do nada
Eu não existia
Não tinha uma existência
Não tinha uma matéria
Comecei a existir com quinhentos milhões
e quinhentos mil anos
Logo de uma vez, já velha
Eu não nasci criança, nasci já velha
Depois é que eu virei criança

Veja outros trabalhos da Equipe

Marcio de Andrade - Direção

Cineasta, fotógrafo e jornalista, atua no mercado do Rio de Janeiro, com produções para diversas produtoras.
Realizou sete curtas-metragens, atuando também nas áreas de direção, roteiro, fotografia e montagem.

Na área de direção de fotografia, realizou trabalhos nos documentários "Humano Mar" (prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Ambiental de Bonito-MS, 2007) e "Maniva dá vida" (prêmio de melhor filme no Festival de Cinema Ambiental de Bonito-MS, 2006). Na área de montagem, participou de "Chifre de Camealeão", de Marcelo Marão (melhor filme Anima Mundi 2000) dentre outros.

Atualmente se dedica à pesquisa de linguagem em documentário e fotografia e suas relações com arte contemporânea, produção e direção de filmes e realiza trabalhos para diversas produtoras e conteúdo para a web.

Filmes realizados:

“Carraspana”, 35mm, fic.
“Passos”, DV, fic.
“Junk Cuisine”, doc., DV,
“Albery”, doc., DV,
“O Rio que você vê das Barcas”, doc., DV
Eletrosamba - Cilp "Um dia inteiro
Radiokaos – Clip “Foi bom Foi mal”
“Isto é para quando você vier”, DV, fic.
"Stela do Patrocínio - A mulher que falava coisas"


Felipe Rodarte - Trilha sonora original

Músico e compositor, é guitarrista da banda Eletrosamba. Realizou diversos trabalhos, como a trilha sonora do filme "Carraspana", de Marcio de Andrade e "Uma Odisséia à brasileira", de Mariana Vitarelli. Como produtor musical, atuou com Lord K, Radiokaos,Val Becker e bando, Nervoso e os Calmantes e Eletrosamba.

DJ Zé Octavio e DJ Negralha - trilha sonora

A pesquisa musical do DJ Zé Octávio, que agita o cenário carioca ao som de Black music e Samba-rock, resgatou para o filme "Stela do Patrocínio - A mulher que falava coisas" a música tema "Stella", composta e interpretada por Fábio, parceiro de Tim Maia, que fez sucesso nos anos 70.

Os grooves bem marcados do DJ Negralha dão o clima na abertura do filme. Ele também toca com as bandas O Rappa, Eletrosamba e Locomotivos.

Mauro Pizzo - Produção Executiva

Atua no mercado carioca através da Produtora Filmes do Serro, que produz documentários, ficção e programas para TV.
Foi o Diretor Administrativo responsável pelo projeto de restauração da obra cinematográfica de Joaquim Pedro de Andrade, coordenada por seus filhos Maria, Alice e Antônio de Andrade.
Recentemente, além de produzir o filme "Stela do Patrocínio - A mulher que falava coisas", produziu também "Beijo de Sal", de Felipe Gamarano.

Stela do Patrocínio convidado a participar do Concurso Canal Brasil



O Canal Brasil, mais uma vez apoiando o cinema nacional, estará promovendo o "Prêmio de Aquisição Canal Brasil de Incentivo ao Curta Metragem", durante o 12º É Tudo Verdade, que acontecerá de 22 de Março a 01 de Abril de 2007 no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O curta-metragem "Stela do Patrocínio - A Mulher que Falava Coisas" será exibido no Festival É Tudo
Verdade, foi convidado à participar do prêmio. Agora é torcer.
Visite

www.filmesdoserro.com.br
www.petrobras.com.br
www.21filmes.blogspot.com

20070303

Stela do Patrocínio no Festival É Tudo Verdade 2007




A 12ª Edição do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade anucia os selecionados para a mostra deste ano, que é dedicada ao cineasta e documentarista polonês Krzyzstof Kieslowski. O filme "Stela do Patrocínio - A mulher que falava coisas" participa como único representante carioca na competitiva de curtas-metragens.


Com uma linguagem extremamente plástica e visual, o filme revela as falas poéticas de Stela do Patrocínio, que viveu cerca de 30 anos em instituições psiquiátricas, dentre elas, a Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, em Jacarepaguá.

Parte das falas de Stela do Patrocínio foram gravadas pela artista plástica Carla Guagliardi e organizadas por Viviane Mosé, no livro de poesias "Reino dos Bichos e dos animais é o meu nome".

A partir do material original gravado em fitas cassete, o filme constrói um mosaico de imagens que permeia as palavras de Stela. Participam do filme também, Pedro Silva e Julius Teixeira, médico e psquiatra que acompanharam a jornada de Stela do Patrocínio. Durante as pesquisas e processo de trabalho, fotos inéditas foram íncluídas na montagem final.

A trilha sonora original foi realizada por Felipe Rodarte, DJ Negralha, Tim Gerlach, absorvendo a delicada proposta do projeto. A pesquisa musical do DJ Zé Octávio resgatou para o filme a música tema "Stella", do cantor Fábio, ex-parceiro de Tim Maia nos anos 70. A direção, fotografia e montagem ficou a cargo de Marcio de Andrade.

Veja baixo, os links do festival e de matérias publicadas:

www.itsalltrue.com.br/2007
www.oglobo.globo.com/cultura/mat/2007/02/27/294724597.asp
www.oglobo.globo.com/docblog/